domingo, 27 de maio de 2012

Defunto aos Outros



O transparente escuro em volta dos olhos.
Não fazem perceber a luz.
Tudo parece obscuro, como o eclipse do sol.
O ronco toma conta dos ouvidos.
Um negror intenso toma conta do ser.
O ser não está sozinho.
Outros ali estão, e não parecem perceber as coisas com o olhar daquele ser.
Ninguém enxerga por ele.
Todos se tumultuam dentro do ronco e do negror.
O ronco se parte com o negror.
O ser continua lá.
Não solitário, sua dor é sua companhia.
Ninguém percebe.
Ninguém sente.
Mas pensam perceber.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Relevo.

Relevo

Relevar para mim é uma cadeia de montanhas, imóvel.

Perdoar, difícil entender o sentimento de culpa.

Não dá para passar, relevo?

Relevo sem culpas de te perdoar.

sábado, 9 de outubro de 2010

Entre iguais

O sentimento de atração toma conta dos dois
Os dois se tornam únicos na imagem do mais íntimo
Eles não querem aparecer
Querem se sentir, um e o outro.
O prazer que sentem quando se tocam, é uma imagem da qual a sociedade repugna.
Eles têm um encaixe incomum como duas peças de quebra-cabeças
Uma encaixa e a outra é encaixada
E a que é encaixada, também quer se colocar na outra.
É provocação, é paixão, é incomum na imagem dos que ignoram.
Um jogo de xadrez de duas peças, onde ambos são os Reis.
O Rei não quer uma rainha, quer apenas comer uma peça.
Peça cobiçada por entre ambos.
Misturando os sentimentos, os pensamentos, entrelaçando.
Até expelirem a última gota do líquido do prazer.
E o prazer estar completo.

sábado, 28 de novembro de 2009

A Pedra da Onça (homenagem à Ilha do Governador)

O animal é solitário encima da pedra.
Coberto por uma fina e espessa marca do tempo.
O sol nasce solitário e cobre a sua rígida estrutura.
As noites são solitárias.
O escuro é seu abrigo.
O luar é sua beleza.
O mar é seu inimigo.
A pedra é seu leito.
O pó é sua marca do tempo.
Que se desfragmenta pouco a pouco mostrando a sua pouca resistência ao tempo.
Animal preso, não acorrentado.
Não és vivo, porém não estás morto.
Apenas inerte na sua posição e móvel à linha do tempo

domingo, 1 de novembro de 2009

Surtos de Letrado...

Copacabana de areia vermelha

Dias de chuva fazem o ser mergulhar em profunda tristeza.
O sol se foi, e a alegria das garotas na praia também.
O som do mar é forte, e as ondas se chocam com as pedras retirando fragmentos que se tornam o mais branco e lindo tapete em frente ao mar.
As garças sobrevoam o azul, à procura de sua refeição e alimento de suas proles, que gritam no alto das árvores concentradas em morros, o grito da fome.
Garotos se arriscam mergulhando dentro das ondas do mar só por satisfação do espírito de aventurar-se no mar revolto.
A mulher caminha na areia, com uma lágrima correndo em seu rosto e suas sandálias de grife nas mãos, perece pedir um ombro a chorar sua agonia interna.
Crianças correm sujas da areia pela calçada com um som alto e estridente as perseguindo.
Ouve-se um estalido.
A chuva engrossa.
As garotas param assustadas por um instante e correm à procura de um abrigo.
O som do mar se cala, e as ondas parecem mortas.
A areia se torna vermelha.
As garças voltam às suas árvores nos morros e alimentam suas proles.
Os garotos somem no mar.
A mulher anda em direção à água.
As crianças caem na calçada onde o desenho das ondas é mimético.
O barulho estridente se torna mais estridente e confuso, são gritos, gritos de socorro.